domingo, 24 de junho de 2012

Sorrindo para vida

   Depoimentos
“Foi sorrindo que eu passei por tudo isso e é sorrindo que vou me manter viva”, diz Andréa, portadora de HIV/Aids
Quem vê o rosto sempre sorridente de Andréa*, 40 anos, não imagina a história de vida que ela carrega. Em 1998, foi diagnosticada como portadora do HIV. No entanto, como, na época, a doença ainda não era totalmente conhecida pelos médicos, ela não foi avisada que carregava o vírus, o que só aconteceu um ano depois. “Como eu não tinha nenhuma manifestação, não acharam que era preciso me avisar. Só no ano seguinte, quando os sintomas da Aids apareceram e eu tive minha primeira crise, foi que meu médico me contou que eu tinha a doença”, relembra.
Se o choque inicial é sempre impactante, quando essa nova realidade é acompanhada de uma série de problemas de saúde, a situação de complica ainda mais. “Eu tive todos os sintomas, fiquei semanas no hospital, cheguei a pensar que não sairia dali, mas eu tinha força de vontade, e nunca pensei em desistir”, conta Andréa. Meses depois de sair do hospital, outro acontecimento mudou a sua vida. Num acidente de carro em dezembro de 1999, ela perdeu o companheiro e a única filha. “Se não fosse pela ajuda da minha família, eu não sei se teria conseguido suportar, mas sempre tive muita força de vontade, que me fez seguir em frente”, conta.
Preconceito
Foi então que Andréa descobriu um dos lados mais difíceis da doença: o preconceito e a desinformação. “Quando chegamos ao hospital, depois do acidente, os socorristas não estavam de luvas, aí, logo que eles descobriram que eu sou portadora do vírus, falaram coisas absurdas, me chamaram de aidética e disseram que eu ia transmitir a doença para eles”, relembra.
Em 2003, teve outra recaída e, mais uma vez, chegou a passar semanas no hospital. Por causa da doença, não pode trabalhar, e as dívidas se acumularam. “Eu cheguei a ter a minha prisão decretada por falta de pagamento de uma dívida, por isso, mesmo muito mal, eu não podia me internar, pois seria presa imediatamente. Chegava a perder 3kg em uma só noite”, relembra. Em 2007, veio a terceira e mais forte crise. Andréa chegou a ter um derrame cerebral. “Quando foram me operar, os médicos me falaram claramente que eu não sobreviveria. Mais uma vez, eu tive fé que ia conseguir, que ia superar mais essa, e foi isso que aconteceu.”
Apesar do inesperado sucesso da cirurgia, ela ficou com uma sequela. Durante quase um ano, permaneceu sem a visão dos dois olhos, que aos poucos, foi recuperada. “Eu tenho uma filosofia de vida que diz que qualquer situação ruim pode ser administrada. Assim, eu me agarrava a Deus e sabia que tudo daria certo no final”, conta ela. “Eu raramente choro, tento sorrir o tempo todo, porque eu acredito que o sorriso cura. Foi sorrindo que eu passei por tudo isso e é sorrindo que eu me mantenho viva”, completa.
Há 10 anos, na época em que Andréa descobriu que tinha Aids, a informação sobre a doença ainda era pouca. O HIV ainda matava muito, e ainda existiam diversas dúvidas sobre como conviver com o vírus. Para ajudar quem passava por essa fase de aprendizado, surgiu a revista Saber Viver, editada por Sílvia Chalub e distribuída para pacientes de todo o país. “No início, as pessoas tinham muitas dúvidas sobre alimentação e cuidados com o corpo, e a revista veio para ajudar a resolver esse problema”, conta.
Com o tempo, Silvia descobriu outro problema que os portadores do vírus da Aids enfrentavam: a solidão. “Essas pessoas têm uma expectativa de vida cada vez mais alta, e muitos reclamavam que sentiam falta de amigos ou de relacionamentos. Foi aí que resolvemos criar uma sessão dedicada a isso, para que as pessoas pudessem se conhecer e trocar experiências”, conta, enquanto comemora o 10º aniversário da publicação, que é gratuita.
Nova fase
Para Ana Paula Prado, assessora técnica do Departamento de DST-AIDS do Ministério da Saúde, a melhoria da saúde desses pacientes resultou em uma nova fase, ainda mais difícil. “Há 13 anos, o Brasil universalizou o acesso aos medicamentos para a doença. Com isso, a expectativa de vida desse grupo cresceu muito, gerando um novo desafio, o de fazer com que essas pessoas tenham qualidade de vida”, conta.
Entre os obstáculos a serem enfrentados, Ana Paula Prado aponta o preconceito como o maior e mais difícil. “É uma questão de direitos humanos. A Aids sempre foi uma doença muito estigmatizada e, embora tenha diminuído um pouco nos últimos anos, o preconceito ainda persiste, só que de maneira mais sutil”, conta. “Se antes as pessoas nem chegavam perto, hoje elas já convivem no mesmo ambiente, abraçam e até compartilham copos e talheres. Porém, o preconceito na hora de beijar, por exemplo, ainda permanece forte” completa.
Gilson* , 46 anos, faz parte da geração que presenciou as mudanças no tratamento e na qualidade de vida dos pacientes soropositivos. Diagnosticado há 14 anos, ele se lembra das dificuldades do tratamento no início, e comemora os avanços. “Quando eu comecei o tratamento, só havia o AZT, por isso eu tomava um coquetel com quase 30 comprimidos. Hoje, consigo controlar a doença só com seis”, comemora. “Não tem como negar que, nesse tempo, o tratamento para nós melhorou muito”, completa.

Por que alertar o parceiro

O controle das doenças sexualmente transmissíveis (DST) não se dá somente com o tratamento de quem busca ajuda nos serviços de saúde. Para interromper a transmissão dessas doenças e evitar a reinfecção, é fundamental que os parceiros sejam testados e tratados com orientações de um profissional de saúde.
Os parceiros devem ser alertados sempre que uma DST é diagnosticada. É importante repassar a eles informações sobre as formas de contágio, o risco de infecção, a necessidade de atendimento em uma unidade de saúde e a importância de evitar contato sexual até que o parceiro seja tratado e orientado.Não é fácil mas é a unica mais sensata  a se fazer afinal o relacionamento se faz com cumplicidade dizer a verdade é a saída,confesso que não foi tão difícil quanto pensei e hoje graças a Deus eu e meu parceiro temos muito mais a compartilhar sorte minha e dele que ele não havia se contaminado,foi muito precoce a descoberta de minha sorologia e isso foi fundamental.                                                                                                                       Mensagem                                                                                                               Não é raro, tropeço e caio. Às vezes, tombo feio de ralar o coração todinho. Claro que dói, mas tem uma coisa: a minha fé continua em pé. É isso ai pessoal a vida é sempre mais forte,camisinha sempre beijos!!!!!!! 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Vida é Bela e Vale a Pena Vhiver


Dados da AIDS no Brasil


De acordo com os dados mais recentes da aids no Brasil, divulgado pelo Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, a epidemia de Aids no Brasil diminuiu 15% nos grandes centros urbanos, mas dobrou nas cidades com menos de 50 mil habitantes no período de 1997 a 2007. Apesar da queda, as cidades grandes ainda concentram a maioria dos casos registrados, com 52%. No entanto, a grande preocupação do Ministério da Saúde é que a epidemia na década de 2000 comporta-se de forma diferente entre os jovens. Na população geral, a maior parte dos casos está entre os homens e, entre eles, a principal forma de transmissão é a heterossexual. No entanto, se considerarmos a faixa etária dos 13 aos 24 anos, a realidade é outra. Na faixa etária de 13 a 19 anos, a maior parte dos registros da doença está entre as mulheres. Entre os jovens de 20 a 24 anos, os casos se dividem de forma equilibrada entre os dois gêneros. Para os homens dos 13 aos 24 anos, a principal forma de transmissão é a homossexual.
O Boletim Epidemiológico aponta ainda que o aumento de casos de aids entre as mulheres se deu em todas as faixas etárias. Em 1986, a razão era de 15 casos de aids em homens para cada caso em mulheres, e a partir de 2002, a razão de sexo estabilizou-se em 15 casos em homens para cada 10 em mulheres. Na faixa etária de 13 a 19 anos, o número de casos de aids é maior entre as mulheres jovens. A inversão apresenta-se desde 1998, com oito casos em meninos para cada 10 casos em meninas. As pesquisas indicam que, por ano, são notificados entre 33 mil e 35 mil novos casos de aids. Estima-se ainda que, atualmente, há 630 mil pessoas infectadas pelo HIV no país... 
Mais informações no site: http://www.aids.gov.br

Vhiver na terceira idade


Atualmente observa-se uma mudança no perfil da terceira idade brasileira: eles estão envelhecendo com mais saúde, muitos continuam trabalhando e mantendo uma vida sexual ativa, inclusive participando de grupos e atividades de lazer. Também nota-se mudanças no comportamento afetivo e sexual dessa geração: eles estão estabelecendo novas relações afetivas em função de viuvez ou separação.
Esse novo perfil aproximou a terceira idade de questões de saúde das quais se consideravam distantes, como por exemplo, a AIDS. A ausência de campanhas e trabalhos voltados para a prevenção das DST/HIV/AIDS com essa população tem acentuado a dificuldade do idoso em perceber a sua vulnerabilidade em relação a essas doenças.
Atento a essa realidade, o GRUPO VHIVER através do projetoVhiver na terceira idade, promove ações que contribuem para a diminuição da epidemia da AIDS na terceira idade, através da implementação de ações de prevenção em DST/HIV/AIDS para essa população em núcleos de atendimento à terceira idade na cidade de Belo Horizonte.  Av: Bernado Monteiro,1477-B. Funcionários -Belo Horizonte-tel 031-3271-8310ou 3201-5236 www.vhiver.org.br                                                                                                           

Hospitais de Referência

Hospitais de Referência em Belo Horizonte


                                                                                                                     Unidade Dispensadoras de Medicamentos e Serviços de Assistência Especializada
 
- Centro de Referência Orestes Diniz (tratamento) Testagem é feita no Projeto Horizonte –
 
mesmo prédio
 
Alameda Ver. Álvaro Celso, 241, Santa Efigênia
 
Telefone:3409-9547
 
- Fundação Benjamim Guimarães (tratamento)
 
Hospital da Baleia
 
Rua Juramento, 1464, Saudade
 
Telefone: 3489-1509/1593
 
- Fundação Centro de Hematologia/Hemoterapia – Hemominas (testagem)
 
Alameda Ezequiel Dias, 321, Santa Efigênia
 
- Hospital Eduardo de Menezes (tratamento)
 
Rua Dr. Cristiano Rezende, 2213, Bom Sucesso
 
Telefone:3328-5011
 
- PAM Sagrada Família (testagem e tratamento)
 
Rua Joaquim Felício, 101, Sagrada Família
 
Telefone: 3277-9046/5751
 
- Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) ou Centro de Orientação e Acompanhamento
 
Sorológico (COAS– BH) (testagem e tratamento)
 
Rua Joaquim Felício, 141, Sagrada Família
 
Telefone: 3277-5742
 
Hospitais que atendem pacientes com HIV/AIDS
 
- Centro Geral de Pediatria
 
Alameda Ezequiel Dias, 345, Santa Efigênia
 
Telefones: 3239-9000/9001
 
- Hospital da Baleia
 
Fundação Benjamim Guimarães
 
Rua Juramento, 1464
 
Telefones: 3489-1593
 
- Hospital das Clínicas - UFMG
 
Avenida Prof. Alfredo Balena, 110, Santa Efigênia
 
Telefones: 3248-9300 / 3239-7118
 
- Hospital Eduardo de Menezes
 
Rua Dr. Cristiano de Rezende, 2213, Bom Sucesso
 
Telefones:3328-5011
 
- Hospital Júlia Kubitschek
 
Rua Dr. Cristiano de Rezende, 2745, Araguaia
 
Telefone: 3322-27223
 
- Hospital Municipal Odilon Behrens
 
Rua Formiga, 50, São Cristóvão
 
Telefone: 3277-6199
 
- Maternidade Odete Valadares
 
Avenida do Contorno, 9494, Prado
 
Telefone: 3337-7775
 
- Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
 
Avenida Francisco Sales, 1111, Santa Efigênia
 
Telefone: 3238-8104
 
Hospitais e Maternidades cadastradas para realizar teste rápido (HIV) em gestante 
 
- Hospital das Clínicas - UFMG
 
Avenida Prof. Alfredo Balena, 110, Santa Efigênia
 
Telefones: 3248-9300 / 3239-7118
 
- Hospital Júlia Kubitschek
 
Rua Dr. Cristiano de Rezende, 312, Milionários
 
Telefone: 3322-2723
 
- Hospital Municipal Odilon Behrens
 
Rua Formiga, 50, São Cristóvão
 
Telefone: 3277-6199
 
- Maternidade Odete Valadares
 
Avenida do Contorno, 9494, Prado
 
Telefone: 3337-7775
 
- Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte
 
Avenida Francisco Sales, 1111, Santa Efigênia
 
Telefone: 3238-8104
 
- Maternidade Sofia Feldman
 
Rua Antônio Bandeiras, 1060, Tupi
 
Telefone: 3433-1303                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                               ‎'A Vida é Bela e Vale a Pena Viver' 
Gil
Setembro 2000 a Fevereiro de 2001

Era 7 de setembro de 1995, dia da Independência do Brasil, data essa que quase ninguém se lembra de algum motivo para comemorar. Para mim jamais será esquecida, pois naquele dia descobri que o meu companheiro, com quem eu tinha vivido quatro anos e meio, e mesmo depois do fim do relacionamento continuávamos morando juntos, estava doente e já em estado avançado. Ele veio a falecer 38 dias depois. Foram dias de pânico, desespero...,até que ele se foi, eu não havia parado para pensar em mim. Na semana seguinte, mesmo com muito medo fui fazer o teste, e logo veio o resultado "positivo". Lembro-me que quando sai do hospital tudo era cinza, o chão desaparecia em baixo dos meus pés, o meu mundo caia e junto com ele todos os meus sonhos. Pensei que em breve morreria também. Com a ajuda de um amigo fui levado a um grupo de ajuda mútua e aos poucos fui aprendendo tudo a doença que até então eu era completamente leigo. A partir dali tudo era novo para mim. Médico, exames, enfim, com a ajuda dos amigos e o apoio que encontrei dentro do grupo, fui aprendendo a lidar com a situação.
Dois anos depois, quando minha vida começava a se encaminhar, sofri outro grande impacto com o meu afastamento do trabalho por terem descoberto a minha sorologia. Senti na pele a dor do preconceito e confesso que foi pior do que receber meu diagnóstico. Até hoje não consegui retornar ao trabalho, mesmo apresentando vários atestados que conferem a minha aptidão.

Tenho dedicado o meu tempo quase que integralmente ao grupo que me acolheu e hoje posso ser útil ajudando a outras pessoas.

A aderência aos medicamentos tem sido fundamental para manter-me saudável e com disposição para não desistir.

Hoje, sinto que viver com HIV não é nada agradável, preferia não ter, mas já que tenho, procuro viver bem com ele e continuo achando que 'a vida é bela e vale a pena viver'.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Qualidade da Atenção

                                                                                                 
Qualidade da Atenção                                          Existem necessidades específicas
das pessoas que vivem com
HIV e aids (PVHA) que devem
ser observadas pelos serviços
de saúde. Um atendimento
de qualidade pressupõe ações
tecnicamente qualificadas e
organizadas de forma a respeitar
a diversidade e a promover
uma relação de confiança entre
usuários e equipe de saúde.
Para tanto, os serviços de
referência contam com equipes
multiprofissionais que devem
ter habilidade para escutar,
compreender e compartilhar
decisões com as PVHA de forma
clara e acessível, evitando
emitir juízo de valor que possa
levar a atitudes preconceituosas
e discriminatórias. O vínculo
estabelecido entre a equipe e o
usuário facilita o acompanhamento
e a adesão ao serviço. Faz com
que ele se sinta seguro, respeitado
e tenha confi ança para expressar
dúvidas relacionadas ao viver com
HIV e aids.
Os serviços devem estar aptos
para atender às necessidades
e garantir o acesso de gruposmais vulneráveis. É preciso
“abrir as portas do serviço”, o
que significa desde oferecer um
bom acolhimento até manter o
funcionamento do serviço o maior
tempo possível.
As PVHA também podem precisar
de algum acompanhamento não
disponível nos serviços de atenção
especializados (SAE). Nesses casos,
é importante estabelecer fluxos
de encaminhamentos nas redes de
referência e contra-referência.
A equipe de saúde deve buscar
mecanismos eficientes para
garantir que os usuários acessem
os serviços que necessitam.
Organizações comunitárias e
outros grupos de suporte às PVHA
são importantes parceiros na
formação de uma rede efi caz de
apoio social.
Os atendimentos individuais
são espaços privilegiados para a
discussão de aspectos relacionados
ao viver com HIV e aids, como a
revelação e compartilhamento
do diagnóstico, o direito à
confi dencialidade das informações,
a vivência da sexualidade, o
desejo de ter filhos, orientação nutricional, o uso de álcool e outras drogas, orientações sobre
DST, adesão ao tratamento
e acesso aos insumos de
prevenção, medicamentos e
exames.O aconselhamento, entendido
como um momento para
avaliação de riscos, vulnerabilidades e possibilidades
que cada um tem de se proteger, deve permear todos os
atendimentos. Em razão da sua importância, também pode ser estruturado como uma atividade
específi ca, para aumentar os espaços de discussão
das orientações, buscando saídas entre as PVHA para as
dificuldades encontradas.A participação das pessoas
que vivem com HIV e aids e a presença de organizações da sociedade civil no serviço de saúde devem ser estimuladas, pois, além de serem formas de
controle social da qualidade do atendimento, também ajudam a garantir que as necessidades
das PVHA sejam respondidas de forma satisfatória.                                                                                        DEPOIMENTO:                                                                                                                                    'A Vida é Bela e Vale a Pena Viver' 
Gil
Setembro 2000 a Fevereiro de 2001

Era 7 de setembro de 1995, dia da Independência do Brasil, data essa que quase ninguém se lembra de algum motivo para comemorar. Para mim jamais será esquecida, pois naquele dia descobri que o meu companheiro, com quem eu tinha vivido quatro anos e meio, e mesmo depois do fim do relacionamento continuávamos morando juntos, estava doente e já em estado avançado. Ele veio a falecer 38 dias depois. Foram dias de pânico, desespero...,até que ele se foi, eu não havia parado para pensar em mim. Na semana seguinte, mesmo com muito medo fui fazer o teste, e logo veio o resultado "positivo". Lembro-me que quando sai do hospital tudo era cinza, o chão desaparecia em baixo dos meus pés, o meu mundo caia e junto com ele todos os meus sonhos. Pensei que em breve morreria também. Com a ajuda de um amigo fui levado a um grupo de ajuda mútua e aos poucos fui aprendendo tudo a doença que até então eu era completamente leigo. A partir dali tudo era novo para mim. Médico, exames, enfim, com a ajuda dos amigos e o apoio que encontrei dentro do grupo, fui aprendendo a lidar com a situação.
Dois anos depois, quando minha vida começava a se encaminhar, sofri outro grande impacto com o meu afastamento do trabalho por terem descoberto a minha sorologia. Senti na pele a dor do preconceito e confesso que foi pior do que receber meu diagnóstico. Até hoje não consegui retornar ao trabalho, mesmo apresentando vários atestados que conferem a minha aptidão.

Tenho dedicado o meu tempo quase que integralmente ao grupo que me acolheu e hoje posso ser útil ajudando a outras pessoas.

A aderência aos medicamentos tem sido fundamental para manter-me saudável e com disposição para não desistir.

Hoje, sinto que viver com HIV não é nada agradável, preferia não ter, mas já que tenho, procuro viver bem com ele e continuo achando que 'a vida é bela e vale a pena viver

segunda-feira, 11 de junho de 2012

PEP e Você

Início

A face oculta

Autor(a): 
 Enfermeiro Yuri
Em 2008, comecei a palestrar sobre DST/aids. No começo foi muito difícil, pois o preconceito da sociedade é muito cruel. Recordo-me de uma escola na qual palestrei e os alunos perguntavam: - Você tem aids? - E eu respondi que não, mas não criticava aos que tinham a doença, pois eles não escolheram e todos erram. Humildemente uma aluna me perguntou o que é preconceito? Rapidamente eu respondi que o preconceito é como uma flor, todo mundo tem uma sementinha. Mas tem pessoas que cultivam esta pequenina semente maliciosa e deixa-a florescer levando muita dor para o próximo.
Uma irônica garota levanta em gritos dizendo que a colega é aidética, por isso fez aquela pergunta. Com espanto, perguntei para esta menina: - Escolhemos nascer de cabelos lisos ou crespos? Branca ou negra? Deficiente ou não? Com aids? Todos ficaram em silêncio e, completando, lhes disse que apontar os defeitos dos outros é fácil, o difícil é reconhecer nossos próprios defeitos, ser portador da síndrome da imunodeficiência adquirida não muda o caráter de ninguém, não torna a pessoa melhor ou pior.
Sem graça a menina respondeu que a colega era suja e que ela não podia ficar perto, pois seu sangue não era limpo. Cansado de tanto preconceito e não querendo expor ninguém disse para a jovem de pouco conhecimento que sujo era sua falta de conhecimento.
Terminei aquela palestra triste. Passado uma semana após o ocorrido fui para o posto de saúde realizar meu trabalho diário e na primeira cadeira da enorme fila de atendimento estava uma garota em prantos, parei, olhei e para minha surpresa era a árvore de preconceito. A chamei na minha sala e perguntei o que havia acontecido então meio vergonhosa contou-me que havia mantido relações sexuais com seu primo e pelo fato de ser um parente não usou camisinha.
Examinei todo exterior e aparentemente estava normal e pedi para a mesma voltar no outro dia para realizar um exame preventivo detalhado. No dia seguinte, lá estava ela a minha espera com uma ansiedade visível. Começamos a fazer o exame eu, ela e uma colega de profissão e fomos surpreendidos com um HPV. Naquele instante caiam lágrimas do seu rosto e fortemente eu disse: - Não vou te julgar, apenas te ajudar                                                                                      .PEPO que significa PEP?
A sigla PEP significa Profilaxia Pos-Exposição ou Prevenção Pos-Exposição. É um tratamento médico 
para pessoas que tiveram exposição sexual recentemente ou contato com agulha (ou seringa) 
contaminada com HIV.O que eu devo fazer se eu for exposto?
Se você esta preocupado em ter corrido o risco de contaminação é muito importante agir 
rapidamente. Se você sente que entrou em contato com o risco de contaminação vá a qualquer 
provedor de PEP que você tiver acesso o mais rápido possivel. Não espere ate a clínica que você 
gosta mais estar aberta. Da para entender que você esteja chateado e confuso sobre o que fazer 
ou ate sobre a situação onde a exposição aconteceu, mas neste caso quanto antes você agir mais 
provavelmente o PEP podera fazer efeito.
Porque é importante agir rápido ?
Para o PEP ser eficiente ele deve ser tomado dentro de 72 horas (3 dias) depois da exposição ao HIV. 
Quanto mais rápido a prescrição for dada maior a chance de funcionar. O ideal seria de tomá-lo 
dentro de algumas horas depois da exposição. 
E se caso eu não conseguir chegar a um provedor de PEP 
em 72 horas?
Se você chegar ao provedor depois de 72 horas do contato você não será oferecido PEP. Você fara 
um exame para HIV e dai fazer testes mensais por três meses.
Vale a pena pedir por ele?
Se a exposição ou risco foi dentro de 72 horas dai vale a pena pedir que você seja avaliado para 
o uso de PEP. Existem procedimentos para a prescrição de PEP, então o médico ira fazer algumas 
perguntas.Quais perguntas?
O médico vai querer saber as seguintes informações:
• Qual foi o risco e como ele ocorreu
• É possivel que vá acontecer novamente
• Você sabe se a pessoa que você transou é HIV + ou não
• Seu padrão de comportamento sobre sexo seguro e uso de drogas
• Você vai seguir um programa de tratamento
• Você esta tomando algum outro remédio
•  Quando foi a ultima vez que você fez um teste de HIV
• Seus exames de DST feitos anteriormente, e vacinas contra hepatite
• Você ja tomou PEP antes
Alguns médicos podem querer saber se você esta num relacionamento estável ou não e podem 
querer saber qual a sua habilidade de negociar sexo seguro. Você sera testado para HIV no inicio 
do programa e serão feitos três outros exames de HIV para verificar se o programa obteve sucesso. 
Você também sera testado para hepatite A,B,C e siflis.Posso usar outras drogas enquanto uso PEP?
Existe uma preocupação real que o uso de drogas, especialmente se elas não são prescritas podem 
inferferir com o PEP, o tornando menos eficiente. Usando drogas não prescritas pode também 
aumentar a chance de você esquecer de tomar seus remédios nos horários corretos (medicamento 
PEP deve ser tomado aproximadamente no mesmo horário todos os dias) e pode colocar pressão no 
seu figado, rins e outros orgãos.
O que é resistência ao HIV?
Desenvolver a resistência aos medicamentos do HIV significa que eles param de fazer efeito e 
normalmente significa que uma combinação particular não funcionará mais. Como existe um 
número limitado de combinações é importante reduzir a possibilidade de criar resistência. Não 
tomar as drogas no modo correto ou não completar o tratamento pode te fazer ficar resistente a 
aquela combinação, o que pode trazer consequências se você for precisar de medicação para HIV 
no futuro.
Eu fico imune ao HIV quando estou tomando PEP?
Não: Você não está imune a infecção do HIV enquanto estiver tomando PEP. É de vital importancia 
que você não se coloque em risco enquanto estiver fazendo parte do programa. Sexo inseguro 
enquanto estiver tomando PEP te coloca em risco de contrair HIV. O fato de você terminar o curso 
de PEP também não te previne de pegar HIV no futuro. Isso significa que se você toma certos riscos, 
você pode se tornar infectado como qualquer outra pessoa HIV-. Now there’s PEP does it matt
Eu tenho que usar camisinha?
Sim: Você ainda pode transar e aproveitar sexo enquanto tomando PEP. Camisinhas são um modo 
mais eficiente e agradável de previnir HIV do que o PEP.
Quantas vezes posso conseguir o PEP?
Os médicos decidem quem recebe PEP e é difícil de darem medicamentos caros e fortes para a 
mesma pessoa várias vezes. Então alguem que continua transando sem proteção normalmente será 
oferecido aconselhamento sobre fazer sexo seguro e não será dado PEP. De qualquer modo, 

Como que eu consigo o PEP correto?
Se a pessoa que você teve contato sexual sabe que é HIV+, é essencial que ele vá com você para 
dar o máximo de informação possivel para o médico sobre o HIV dele e dos medicamentos que ele 
possa estar tomando etc. Se o seu contato não quiser comparecer, por favor tente ter um número 
de telefone para que o médico possa entrar em contato com ele. Isso é importante para dar a 
VOCÊ o PEP correto. A localização do infectado é super controlada e confidencial e é feita com a 
permissão do contato. O médico so vai querer saber sobre a situação do HIV dele e da medicação 
que o mesmo esta tomando.

domingo, 3 de junho de 2012

ADESÃO


O que é adesão

Aderir ao tratamento para a aids, significa tomar os remédios prescritos pelo médico nos horários corretos, manter uma boa alimentação, praticarexercícios físicos, comparecer ao serviço de saúde nos dias previstos, entre outros cuidados. Quando o paciente não segue todas as recomendações médicas, o HIV, vírus causador da doença, pode ficar resistente aos medicamentos antirretrovirais. E isso diminui as alternativas de tratamento.Seguir as recomendações médicas parece simples, mas é uma das grandes dificuldades encontradas pelos pacientes, pois interfere diretamente na sua rotina. O paciente deve estar bem informado sobre o progresso do tratamento, o resultado dos testes, os possíveis efeitos colaterais e o que fazer para amenizá-los. Por isso, é preciso alertar ao médico sobre as dificuldades que possam surgir, além de tirar todas as dúvidas e conversar abertamente com a equipe de saúde.Para facilitar a adesão aos medicamentos, recomenda-se adequar os horários dos remédios à rotina diária. Geralmente os esquecimentos ocorrem nos finais de semana, férias ou outros períodos fora da rotina. Utilizar tabelas, calendários ou despertador, como do telefone celular, facilita lembrar os horários corretos para tomar os remédios. Veja outras dicas que ajudam a manter a adesão.
Apoio social
Atualmente, existem organizações governamentais e não governamentais que podem ajudar o soropositivo a enfrentar suas dificuldades e a lidar com situações de estresse por conta da doença. São duas ações de apoio oferecidas: afetivo-emocional e operacional. O afetivo-emocional inclui atividades voltadas para a atenção, companhia e escuta. Já o operacional ajuda em tarefas domésticas ou em aspectos práticos do próprio tratamento, como acompanhar a pessoa em uma consulta, buscar os medicamentos na unidade de saúde, tomar conta dos filhos nos dias de consulta, entre outras. Ambos fazem com que a pessoa se sinta cuidada, pertencendo a uma rede social.
A troca de experiências entre pessoas que já passaram pelas mesmas vivências e dificuldades no tratamento, também conhecido como ação entre pares, também ajuda a promover a adesão, pois possibilita o compartilhamento de dúvidas e soluções e a emergência de dicas e informações importantes para todos.O suporte social pode ser dado por familiares, amigos, pessoas de grupo religioso ou integrantes de instituições, profissionais de serviços de saúde e pessoas de organizações da sociedade civil Destaques na Mídia:                                                                                                                            DOCUMENTO DA FIOCRUZ CRITICA PROGRAMA ANTIAIDS DO PAÍS
Matéria da repórter Lígia Formenti afirma que anos depois de despertar elogios no cenário internacional e ser apontado como modelo, o programa de DST/aids brasileiro foi criticado por publicação do próprio governo. Documento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), integrante do projeto Saúde Brasil 2030, diz que o programa “arrefeceu”. O documento recomenda: “É preciso correção de rumos do programa”. O secretário de Vigilância em Saúde (SVS), Jarbas Barbosa, rebate a afirmação, argumentando que os números do texto estão desatualizados. Os portais UOL e G1 também publicaram matéria sobre o assunto.
ESTUDO CAUSA POLÊMICA AO COMPARAR DOENÇA DE CHAGAS À AIDS
A Agência de Notícias da Aids publica matéria sobre a polêmica causada por artigo científico que sugeriu que a doença transmitida pelo inseto popularmente conhecido como barbeiro – Doença de Chagas – esteja em franca expansão no continente americano. O estudo, escrito por dez cientistas baseados nos Estados Unidos e no México e publicado no Journal of Neglected Tropical Diseases (focado em doenças tropicais negligenciadas por políticas de saúde pública), afirma que a situação de Chagas tem semelhança com a epidemia de HIV registrada no início dos anos 80                                                   .                                                                                                        DEPOIMENTO:Meu nome é Walmir, há cerca de cinco anos atrás eu e minha esposa contraímos o vírus HIV. Nessa época eu estava trabalhando em uma empresa de confecções.
Minha esposa adoeceu, levei-a a uma clínica que pertencia ao convênio da empresa, lá foi diagnosticada a meningite, e também que ela era soropositiva. Após fazer o teste descobri que eu também estava contaminado.
Iniciei meu tratamento na Fundação Zerbini, no ambulatório conhecido como Casa da AIDS. Minha esposa continuou o tratamento através da clínica conveniada pela empresa.
Fui chamado para uma conversa por um diretor da empresa, senhor José; ele era amigo da família e inclusive freqüentava a casa dos meus pais. Durante a conversa o senhor José disse-me "Walmir, eu já sei de tudo o que está acontecendo, mas pode ficar tranqüilo que isso ficará entre nós dois, e não contarei nem para os funcionários, nem para os patrões". O senhor José entrara algumas vezes em contato com a clínica onde minha esposa fazia tratamento para saber como ela estava.
Fiquei mais aliviado, pois estava consciente que eu era um bom funcionário, e estava em perfeita condição para o trabalho.
Passados alguns dias, o senhor José comunicou-me que não seria mais o meu diretor, e que eu estaria subordinado ao senhor Célio.
Logo em seguida minha esposa faleceu, e três meses após fui demitido. O mundo desabou sobre a minha cabeça. Estava viúvo, com dois filhos pequenos, e agora desempregado.
Aos poucos a situação foi clareando, descobri que alguns colegas de trabalho já sabiam da minha doença. Procurei uma advogada para acionar a empresa por discriminação. Conversei com colegas de trabalho que aceitaram ser minhas testemunhas no processo.
Estou processando a empresa não pelo dinheiro, pois todo o dinheiro do mundo não paga a humilhação que passei diante de amigos e familiares.
Estou confiante na vitória, pois a justiça será feita, e com certeza outros pensarão bem antes de discriminar seus funcionários pelo fato de terem o vírus HIV correndo em suas veias. A AIDS levou muitos de nossos amigos e nos ensinou a importância de celebrar a vida e preservar o significado e a memória que construímos juntos.O preconceito isola e não leva a nenhum lugar portanto se for acontecer com voce não hesite em procurar seus direitos o preconceito é crime e deve ser punido com tal.                                                                                                                                 CRONICA:                                                                           Meu filho é gay. E agora?

André C. Massolini

Hoje em dia parece que discutir sobre a homossexualidade é algo que está em alta e que os meios de comunicação de massa querem aproveitar-se.
O que percebemos, porém, no dia-a-dia difere do mundo mágico criado pela televisão, principalmente quando o gay está dentro de minha casa! Aí aquela imagem engraçada e alegre (em inglês, gay) torna-se uma preocupação para os pais.
A questão está justamente na imagem que se tem e nos conceitos criados sobre a homossexualidade. E os conceitos previamente fabricados sobre algo nada mais são do que chamamos de preconceito (pré-conceito).
Os pais têm que quebrar a imagem de achar que um filho gay é um filho querendo ser mulher; de achar que têm um filho que quer usar roupas femininas; de achar que têm um pervertido dentro de casa ou tantas outras imagens errôneas.
No Zorra Total, da Rede Globo, havia um quadro no qual o pai estava falando de quão macho era seu filho aos amigos e, de repente, este filho aparecia saltitando e gritando: Papi! Ao final, o pai virava-se para a câmera e perguntava: onde foi que errei? Aqui está uma das grandes provas de como se vê a figura de um homossexual, isto é, como aquele que é um erro, um desvio, um coitado que saiu anormal, alguém desprezível, uma pessoa com a qual deve-se tomar cuidado e manter certa distância etc.
O carinho, respeito, confiança e orgulho são características intrínsecas aos pais. Será que os pais estão conseguindo transmitir todas estas qualidades de verdadeiros pais aos filhos gays? O amor característico aos pais é o amor incondicional. Será que os pais estão amando incondicionalmente os filhos gays ou estão pondo condições para amar?
Existe o caso absurdo de pais que levam os filhos em médicos quando descobrem a orientação do filho! Ou ainda aqueles que oferecem dinheiro ou o melhor carro do ano caso o filho mude de opinião e deixe de ser gay. Parece até piada, mas acontece aos montes.
Reparem que disse orientação e não opção, pois existe uma grande e substancial diferença entre estes termos. Ninguém opta por nascer gay. Às vezes, ouvimos: nossa, o fulano depois de velho resolveu virar gay. Não é que alguém resolve “virar” gay! O que acontece é que a pessoa sempre foi gay, desde criança, mas sofreu as mais diversas pressões familiares e sociais, não tendo possibilidade de perceber sua real orientação homossexual, ou seja, na primeira oportunidade que lhe apareceu, descobriu.
Pais verdadeiros não sufocam os filhos, pois querem que estes sejam felizes e que descubram o que é o amor. Quem disse que a minha forma de amar é a correta ou a melhor? Ou ainda a única forma e possibilidade de amor? Existe um livro, de um historiador, que se chama “O amor entre iguais”, o qual não tive a oportunidade de ler ainda, mas apenas apreciei a entrevista que o autor concedeu a Jô Soares, no qual ele relata a homossexualidade no decorrer da História. Muita gente não tem conhecimento de que na Grécia, por exemplo, a forma de um homem inteligente se apaixonar era apenas amando um outro homem; apaixonar-se por uma mulher era para os ignorantes, visto que a relação com mulheres era apenas para a procriação, ao passo que o amor era reservado a alguém do mesmo sexo. 
O judaísmo tem o sêmen como algo sagrado, simbolizando a vida. O cristianismo tem origens judaicas e, portanto, irá colocar a fertilidade e a procriação como algo sagrado. Porém, nota-se nitidamente apenas uma mudança de costumes ou paradigmas, apenas um contexto cultural diferente, sendo que a cultura dominante foi a ocidental cristã e por isso que a homossexualidade passou a ser vista, desde então, como anormal.
A intenção deste artigo é apenas tentar clarear um pouquinho a mente e o pensamento de pais que muitas vezes sentem-se aflitos diante do que está evidente e claro a eles. E aqui formação acadêmica de nada vale! Tem gente que acha que uma psicóloga irá aceitar o filho, ao passo que uma pessoa que não teve possibilidade de estudos não. Grave erro de quem assim pensa. Pessoas que têm curso superior, pós-graduados, mestrados ou doutorados muitas vezes condenam e julgam, sentados em seu trono da auto-suficiência e arrogância, legitimados em títulos e diplomas. No entanto, nenhum diploma confere respeito, carinho e, acima de tudo, amor.
Senhores pais, o que os senhores ensinaram a seus filhos? A ter vergonha? A ter vergonha de ser o que se é? Então, meus parabéns, pois os senhores estão transformando o próprio filho num monstro, num poço de desânimo e tristeza profundas, em alguém amargo e cheio de conflitos. Em nome do que “os outros vão pensar ou falar” vocês sufocaram o SER de alguém, vocês transformaram o filho de vocês naquilo que vocês querem que ele seja e naquele bonequinho que vocês podem apresentar à sociedade... um bonequinho sem vida própria que vive diariamente sufocando os próprios sentimentos, culpando-se e entristecendo-se por não ser “aquilo que os pais querem que ele seja”.
Muitos filhos que assim foram criados tornaram-se os bonequinhos dos pais e namoraram, casaram e constituíram família. E hoje são os inúmeros homens casados e pais de famílias procurando mocinhos na Internet, nas salas de bate-papo ou nos banheiros públicos das cidades vizinhas. Mais uma vez, parabéns pais!!!
Por fim, quero dizer que não se corrige o que não está errado, que não se torna normal o que não é anormal. Alguém que é gay é gay essencialmente e não ocasionalmente. Existem correntes de pensamento que dizem que um gay vai contra o seu ser. Filosoficamente isto está incorreto, visto que, desde sempre, seu ser, ou seja, sua essência foi sentir-se atraído por pessoas do mesmo sexo. E esta é uma das formas ou orientações da sexualidade. Quem pode dizer o que é normal? Quem estabeleceu os padrões? O que é uma relação sexual normal? Existe alguma relação sexual anormal? Quem poderá julgar? Afinal, entre quatro paredes as pessoas revelam muitas coisas e pessoas consideradas “puras e sem mácula” descortinam-se em momentos de sexo anônimo, por exemplo. E deixou de ser normal? Quem justifica a homossexualidade como algo que vai contra a essência precisa aprofundar-se um pouco mais em Filosofia. Sugiro começar por Sócrates, visto que descobriu a essência do homem (psyché).
Não pretendo e nem quero convencer ninguém de nada. Este é apenas mais um artigo como todos os outros, no qual partilho e filosofo sobre assuntos divergentes. Quero aproveitar e dizer a meu pai, André, e minha mãe, Nair, que os amo muito e que sem vocês eu jamais seria o que sou hoje. Obrigado por estarem comigo e me amarem sempre.